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DREX é seguro? Vítimas de fraude terão dinheiro de volta? Veja perguntas e respostas

Eduardo Carneiro
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Depois do PIX, vem aí o DREX. Também chamado de Real Digital, ele vai funcionar como uma versão virtual do papel-moeda, ou seja, vai ser a representação digital das notas que já são emitidas pelo Banco Central.

Classificada na categoria Central Bank Digital Currency (CBDC, Moeda Digital de Banco Central, na sigla em inglês), a ferramenta terá o valor garantido pela autoridade monetária e cada R$ 1 vai equivaler a 1 DREX.

A seguir, listamos perguntas e respostas sobre temas gerais e assuntos relacionados à segurança da primeira moeda virtual oficial do Brasil. Confira!

Por que o nome DREX?

Segundo o Banco Central, a palavra “traz uma sonoridade forte e moderna”. A explicação para a sigla é a seguinte: o ‘d’ e o ‘r’ fazem alusão ao Real Digital, o ‘e’ vem de eletrônico e o ‘x’ passa a ideia de modernidade e de conexão, além de repetir a última letra do PIX, dando continuidade à família de soluções do BC.

Quando o DREX começa a operar?

A primeira fase do DREX foi adiada em três meses (de fevereiro para maio de 2024) em virtude da demora na inclusão de participantes e questões relacionadas à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Apesar deste atraso na fase de testes, o BC mantém a estimativa de que o DREX chegará aos cidadãos no fim de 2024 ou início de 2025.

Qual a diferença para criptomoedas?

Enquanto o DREX é emitido e custodiado pelo Banco Central do Brasil, as criptomoedas obedecem à lei da demanda e da oferta de forma descentralizada, com o valor flutuando diariamente. A cotação oscila bastante de um dia para outro justamente porque não há a garantia de bancos centrais e de governos.

Por que eu preciso do DREX? O que eu vou fazer com o DREX que eu já não consigo fazer hoje?

O próprio Banco Central disponibilizou um vídeo no Youtube em que afirma que estas são as duas perguntas mais frequentes relacionadas à moeda digital. As respostas do órgão passam pela possibilidade de “fazer contratos com mais facilidade, mais segurança e menor custo”.

O BC dá dois exemplos práticos, sendo o primeiro relacionado à venda de veículos. Hoje muitas vezes o comprador condiciona o pagamento à transferência do documento do veículo, enquanto o vendedor faz o contrário – só transfere o documento quando recebe o pagamento.

No futuro, porém, tanto a transferência do dinheiro quanto a da propriedade do veículo poderão ser feitas dentro do sistema do DREX, que reúne ativos financeiros e não financeiros e, neste caso em questão, não dependerá mais de dois sistemas que não se comunicam (sistema bancário para o pagamento e o cartório para a documentação). Além disso, em caso de problema na transferência ou no pagamento, o negócio não será efetivado.

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O segundo caso citado pela autoridade monetária é a tomada de empréstimo bancário – que segundo o BC vai ser mais barata tanto para o cliente quanto para a instituição ao otimizar processos e novamente reunir no mesmo ambiente informações de sistemas que não possuem integração. No financiamento de uma casa, por exemplo, o dinheiro, o imóvel, o contrato do empréstimo e até uma eventual garantia estarão no sistema do DREX, de acordo com o Banco Central.

E quanto à segurança do DREX?

Uma diretriz estabelecida para o Real Digital é que ela mantenha os elevados níveis de segurança e privacidade hoje disponíveis nas operações realizadas no sistema bancário e de pagamentos.

A tecnologia utilizada será a mesma das criptomoedas (daí o motivo de muitos acharem que o DREX se enquadra nesta categoria): o blockchain, que agrupa um conjunto de informações que se conectam entre si por senhas criptografadas e é considerado “à prova de hackers”.

“De fato, por estar no blockchain, tecnologicamente há um sistema muito protegido no DREX, com os mais altos padrões de segurança”, concorda Fernando Guariento, head de professional services e especialista de prevenção a fraudes do AllowMe.

Então não haverá riscos no DREX?

Não é bem assim. “Se por um lado a moeda digital traz novas oportunidades para a população em geral, por outro é mais um ‘pitch’ para o fraudador, ou seja, mais um mecanismo que ele vai usar para enganar as pessoas”, pontua Guariento.

Mas se o sistema é tão seguro, como isso vai acontecer? “Certamente teremos campanhas de phishing e golpes direcionados para o DREX visando os usuários da moeda. Multiplique seus ganhos, deposite dez DREX e ganhe em dobro, etc”, comenta o especialista.

“E alguns fraudadores também vão tentar explorar vulnerabilidades das instituições autorizadas, tanto as tradicionais quanto as que vão surgir com o lançamento do DREX. Serão as duas pontas – instituições financeiras e as pessoas – como já ocorre hoje com o PIX, por exemplo, cuja tecnologia é extremamente segura”, completa.

Vítimas de fraude no DREX terão o dinheiro de volta?

O BC diz que sim, mas a reversão da operação dependerá de determinação da Justiça e do criminoso não ter sacado o dinheiro em formato físico.

“Se esse dinheiro estiver em formato digital e com uma ordem judicial, os bancos poderão reverter as transações. A reversão poderá ser feita mesmo que o dinheiro passe por 10 ou 15 contas”, explica Aristides Cavalcante, chefe-adjunto do departamento de tecnologia e informação do Banco Central, em live do órgão sobre o tema.

Um trunfo relacionado à segurança, também segundo o BC, é que todo o histórico de transações estará nos registros da Distributed Ledger Technology, o DLT, a tecnologia similar ao blockchain que opera o DREX, e poderá ser acompanhada pela Justiça e pelos reguladores.

Artigo escrito por Eduardo Carneiro

Eduardo é jornalista formado pela Cásper Líbero e trabalhou ao longo da carreira em veículos como Gazeta, Band, Terra e UOL. Produz conteúdos relacionados à prevenção à fraude, tecnologias e estratégias de proteção aos melhores negócios desde 2019 e juntou-se ao time do AllowMe em 2022.

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