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Na proteção contra fraudes, esquecemos um conselho das mães: nunca aceite doces de desconhecidos

Fernando Guariento

Conteúdo atualizado em 2 de maio de 2023

Quando eu era criança um estranho em uma cadeira de rodas parou em frente ao portão da casa onde eu morava com minha mãe e me chamou para oferecer balas.

Inocente como toda criança, realmente achei que aquele era meu dia de sorte, indo prontamente de encontro ao desconhecido solícito e com frágil aparência. Porém, antes que eu chegasse até ele, nosso cachorro, Maurice, um enorme Sheepdog, saiu em disparada na direção do homem.

Naquele momento um milagre foi realizado, pois o desconhecido levantou da cadeira de rodas e saiu correndo na maior velocidade que eu já havia visto uma pessoa correr. Naquele dia aprendi o significado da frase que minha mãe sempre dizia: “nunca aceite doces de estranhos!”

Maurice pode ter salvo minha vida

Imagino que alguns de vocês estejam se perguntando: “história bacana, mas o que isso tem a ver com fraudes atuais?”

Minha resposta é: “a essência!”

A maioria das fraudes de hoje em dia tem exatamente a mesma essência! Um desconhecido que oferece doces, só que hoje o doce não é uma balinha ou chocolate, mas sim brindes, produtos com preços muito abaixo da realidade de mercado, informações sigilosas sobre fatos atuais, vacinas fora dos programas oficiais do governo, fotos e informações vazadas, formas de burlar sistemas de pagamentos, perfumes ou flores grátis, etc…

Portanto, se você recebe um contato via SMS, e-mail, ligação ou até uma visita presencial, desconfie!

“Mas e aí, desconfio e faço o que após isso?” Simples, busque a informação sobre a veracidade nos canais oficiais da empresa como LinkedIn, Instagram, Facebook, site, aplicativo ou até mesmo ligue!

“Ah, mas eu não tenho muito jeito com tecnologia e não sei procurar essas coisas”. Não tem problema, certamente haverá um parente ou amigo que poderá te ajudar a aprender como fazer essa checagem!

Nós brasileiros somos um povo muito receptivo, que em sua maioria se preocupa com o próximo mesmo sem conhecê-lo. Porém existe uma pequena parcela de pessoas mal-intencionadas que se utilizam da nossa boa vontade para aplicar golpes e fraudes, portanto desconfiar não é falta de educação e sim uma necessidade de sobrevivência.

Casos práticos:

Recebi um SMS, e-mail, ligação ou tocaram a campainha de casa: parabéns você ganhou um kit, um almoço, flores ou uma balinha, não importa… desconfie!

O discurso é sempre o mesmo: para receber seu prêmio, até mesmo na hora da entrega na porta de casa, pedem um código enviado por SMS, uma foto ou vídeo de seu rosto. Mais uma vez, desconfie!

“Mas como não deixar o entregador tirar uma foto minha? Ele disse que pode ser demitido e me entregou um brinde”.

Basta dizer não e fechar a porta, colocar a mão em frente ao rosto ou virar as costas e ir embora! Já pensou que ele na verdade pode ser um criminoso digital? Que está utilizando sua biometria para autorizar uma transação financeira?

Já pensou em ter que responder por um empréstimo, financiamento ou conta digital que não foi feito por você, mas que teve seu rosto utilizado no processo de validação? E pior ainda, por um fraudador que foi capaz de ir até sua casa e se passar por um entregador!

Portanto não se sinta culpado em desconfiar. Nem sempre o Maurice estará lá para te salvar!

Artigo escrito por Fernando Guariento

Fernando Guariento é apaixonado por tecnologia desde criança, quando ajudava seu tio a montar catálogos de móveis e como recompensa podia jogar Freeway (a galinha atravessando a rua) no DOS (tela preta kk). Essa paixão só foi crescendo e, ao trabalhar em uma loja de informática, descobriu de vez que entender o mundo dos vírus e ataques virtuais era a carreira que deveria seguir. O início da realização de seu sonho foi quando ingressou no Intituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de SP como pesquisador de malwares e cyber ataques. De lá até hoje, ele não passa um dia sequer sem pensar em técnicas e modelos para impedir os fraudadores. Entre uma fraude prevenida e outra, cuida de sua horta hidropônica, automatizada é claro.

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